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A Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos a partir do eucalipto, em parceria com Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), está conduzindo um estudo inédito de monitoramento da biodiversidade em Mato Grosso do Sul. A iniciativa utiliza metodologias pioneiras no estado, como gravações acústicas automatizadas e análises de DNA ambiental (eDNA) – que empregam moscas e mosquitos para a coleta de materiais genéticos – combinadas a recursos de inteligência artificial para identificar espécies da fauna regional e espécies migratórias no Cerrado de Mato Grosso do Sul. O objetivo é mapear a presença e a diversidade de diferentes grupos de animais silvestres, formando um retrato detalhado dos ecossistemas da região.
“O uso de tecnologias como gravadores acústicos autônomos e análises de DNA ambiental (eDNA), coletados por meio do material genético encontrado em moscas e mosquitos torna essa iniciativa pioneira no monitoramento da biodiversidade do Cerrado. Ao adotarmos diferentes metodologias, geramos informações inéditas sobre a fauna local, que serão fundamentais para mostrar a funcionalidade dos corredores ecológicos, essenciais para conectar fragmentos de vegetação nativa e restaurar áreas degradadas. A ação reforça o compromisso da Suzano com a proteção do Cerrado e com a conservação desse que é um dos biomas mais ricos e importantes do país, o Cerrado, e toda a sua rica fauna”, ressalta Beatriz Barcellos Lyra, coordenadora de Sustentabilidade da Suzano.
Os resultados do programa foram divulgados no segundo semestre deste ano, após minuciosa análise de todos dos materiais coletados em campo, e já chamam a atenção. Embora o estudo siga em andamento até o final de 2025, já foram identificadas 207 espécies de animais silvestres, sendo 194 aves, 10 anfíbios e 3 mamíferos. O número representa aproximadamente 40% da biodiversidade prevista para a região, segundo dados do Sistema Global de Informações sobre Biodiversidade (GBIF).
Para chegar ao resultado, as equipes analisaram dados coletados em cerca de 400 quilômetros do Cerrado, abrangendo áreas próprias da Suzano e propriedades de terceiros. Ao todo, foram monitorados 176 pontos ao longo da área de estudo, dos quais 79 receberam, simultaneamente, gravadores acústicos e armadilhas para mosquitos e coleta de DNA ambiental (eDNA) –, enquanto os demais foram amostrados apenas com gravadores.
Os dispositivos permaneceram ativos por 15 dias consecutivos, registrando sons da fauna local em intervalos programados, o que permitiu reunir um volume de 2.160 minutos gravados por ponto de amostragem. Combinando inteligência artificial e o modelo BirdNET, as gravações permitem identificar sons de aves, mamíferos, anfíbios, insetos e até cigarras, produzindo um mapeamento detalhado da presença e da diversidade das espécies.
Paralelamente, foram instaladas armadilhas confeccionadas com garrafas PET e tubos tipo Falcon - próprios para armazenamento de amostras biológicas – iscadas com carne bovina para atrair moscas por quatro dias. Estes insetos funcionam como “amostras vivas” de DNA, e, após a captura, foram armazenados em condições controladas e enviados para a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde passam por análises genéticas para identificar as espécies presentes na área.
Espécies identificadas
O monitoramento acústico identificou diversas espécies representativas do Cerrado, destacando-se a inambu-galinha (Crypturellus undulatus), a corujinha-do-mato (Megascops choliba) e o papa-formigas-amarelo (Myiothlypis flaveola). Entre as espécies de maior relevância para conservação, foi registrado o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) em mais de 20 pontos, o mutum-de-penacho (Crax fasciolata) em 17 locais próximos a rios, além de espécies endêmicas como o chupa-dente-do-planalto (Thamnophilus pelzelni) e o chorozinho-de-asa-branca (Basileuterus leucophrys).
Até o momento, o estudo ainda detectou alta ocorrência de marsupiais, como a cuíca (Gracilinanus agilis) e o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), além da anta (Tapirus terrestris) em 22 pontos e primatas como o macaco-prego-do-papo-amarelo (Sapajus cay) e o bugio-preto (Alouatta caraya). Também foram registrados canídeos como o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e a raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus), além de uma jaguatirica (Leopardus pardalis), o tamanduá-bandeira (Tamandua tetradactyla) e o cateto (Dicotyles tajacu).
Corredores Ecológicos
Formado por vegetação nativa e áreas de manejo sustentável que integram espécies nativas com culturas agrícolas, os corredores ecológicos permitem unir áreas de preservação ou unidades de conservação antes isoladas. Essa conexão, além de contribuir diretamente com a circulação segura de animais silvestres de uma área a outra, favorece a recuperação gradual da funcionalidade dos biomas. Desde 2021, quando anunciou a meta de conectar 500 mil hectares de áreas prioritárias nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia até 2030, a empresa conectou mais de 157 mil hectares de fragmentos de vegetação nativa nos três biomas por todo o país.
“A Suzano tem o compromisso de atuar de forma sustentável, com uma política rigorosa de zero desmatamento e práticas de manejo responsável em suas operações florestais. Além disso, a empresa possui ações voltadas especificamente para a restauração ecológica, fortalecidas pela criação dos corredores ecológicos dentro e fora das áreas da Suzano. Essas iniciativas reforçam nosso papel na conservação da biodiversidade”, acrescenta Beatriz.
Em Mato Grosso do Sul, a companhia mantém 1,136 milhão de hectares de áreas florestais, dos quais 327 mil hectares são destinados exclusivamente à conservação da biodiversidade, incluindo áreas de proteção permanente e remanescentes de vegetação nativa.