Abrir um estojo de canetas marcadoras ou uma caixa de lápis de cor, pegar um livro com ilustrações e passar algumas horas colorindo imagens, deixando a imaginação levantar voo. Essa atividade, que por muito tempo estava restrita às crianças, tem se tornado uma válvula de escape para adultos que buscam um jeito de relaxar e despertar a criatividade. E esse fenômeno, que voltou à tona recentemente, já existe há alguns anos.  

Como é o mercado dos livros de colorir no Brasil e no mundo?  

A primeira grande onda dos livros de colorir aconteceu por volta de 2013, com o lançamento do livro Jardim Secreto (Editora Sextante), no Brasil e no mundo, que inspirou diversas publicações do mesmo tipo – como ilustrações com mandalas e flores.  

Agora, dez anos depois, os livros de colorir para adultos voltam a fazer sucesso em diferentes países por conta dos personagens Bobbie Goods (Editora HarperCollins), que retratam, em traços delicados, animais em cenas cotidianas.  

A febre é tamanha que, além de movimentar as redes sociais com vídeos que alcançam milhões de visualizações, os livros de colorir foram responsáveis, no Brasil, por 11% do total de 4,8 milhões de exemplares vendidos no Brasil entre março e abril de 2025, segundo o 5º Painel de Varejo de Livros no Brasil de 2025,  pesquisa conduzida pela Nielsen Book e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Globalmente, o mercado de livros de colorir foi avaliado em 150 milhões de dólares em 2023 e a expectativa é que alcance 350 milhões de dólares em 2031, de acordo com a consultoria Verified Market Research.  

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Por que as pessoas buscam os livros de colorir?  

Vivemos em uma era digital, na qual as telas estão presentes em praticamente todos os momentos do dia. Nesse contexto, é natural que atividades analógicas sejam procuradas como uma válvula de escape. “Podemos entender que é uma forma de as pessoas descasarem o olhar sobre as telas manuseando algo físico para voltar a ter sensações, como sentir o cheiro do papel ver as cores”, explica Edwiges Parra, psicóloga, educadora e fundadora da Emind Desenvolvimento Humano e Bem-Estar Mental.  

Outra explicação para o boom dos livros de colorir é a vontade de encontrar uma distração para relaxar. “É o ‘não quero pensar em nada’. É válido desde que eu saiba por que estou buscando um livro de colorir e entenda que este é um recurso lúdico e de entretenimento”, diz Edwiges.  

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Quais os benefícios dos livros de colorir?  

O ato de colorir pode estar associado ao bem-estar mental. Um estudo, conduzido pela Universidade de Otago na Nova Zelândia em 2017, revelou que 10 minutos dedicados ao passatempo ajuda a diminuir os sintomas de ansiedade e depressão e a aumentar a sensação de atenção plena, ou mindfulness.  

“Em um contexto clínico, o livro de colorir é uma boa técnica de distração e leva à percepção de relaxamento. Quando alguém tem ansiedade e precisa lidar com pensamentos intrusivos, por exemplo, colorir pode ajudar a desviar a atenção para outra coisa”, explica Edwiges.  

Os livros de colorir também são um bom estímulo para outras atividades criativas e analógicas como, por exemplo, desenhar à mão livre ou escrever um diário. “O cérebro é estimulado de maneira diferente no papel. Quando escrevemos à mão, nosso cérebro se conecta muito mais com as palavras do que quando fazemos essa atividade no computador ou celular – nestas tarefas, o cérebro está preocupado em não errar a digitação", diz Edwiges.

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Por que devemos mergulhar nos livros convencionais  

Embora os livros de colorir sejam um passatempo que traz benefícios, esse hobby deve se somar – e nunca substituir – a uma das atividades mais estimulantes para a saúde mental: a leitura de livros em papel. Pesquisadores da Universidade Macquarie, na Austrália, descobriram que a compreensão é mais efetiva no papel do que nas telas, especialmente quando o texto requer um entendimento mais aprofundado ou quando as pessoas estão com pressa.  

“Os livros são a academia do cérebro”, diz Edwiges. Isso porque mergulhar em romances, biografias e poesias nos ajuda a aumentar repertório, vocabulário, imagens, sensações e pensamentos. “O texto contribui para você fazer reflexões sobre a sua vida, além de estimular funções cognitivas relevantes como apreender, compreender, associar e discordar”, explica a psicóloga. “Um autor puxa o outro e você vai ampliando sua mente e seu repertório.”

Conclusão

O passatempo de colorir livros traz benefícios como diminuir a ansiedade e se reconectar com o mundo físico. Afinal, sentir o cheiro do papel e se concentrar encontrando as melhores cores para cada desenho ajudam a desacelerar.  

No entanto, é preciso não se restringir a esse hobby e buscar também outras formas analógicas de relaxar e soltar a criatividade – como desenhar, escrever à mão e ler livros – para estimular ainda mais a saúde mental e expandir a capacidade intelectual.

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