Você conhece o pilar social da sustentabilidade?

Além do meio ambiente, o desenvolvimento social é um aspecto fundamental da sustentabilidade. Saiba mais sobre esse tema

Você conhece o pilar social da sustentabilidade?

Além do meio ambiente, o desenvolvimento social é um aspecto fundamental da sustentabilidade. Saiba mais sobre esse tema

Publicado por
Jennifer Thomas
July 28, 2025
5
min de leitura

Em muitos contextos, a palavra “sustentabilidade” evoca a preservação de árvores, vida selvagem, rios e lagos. Isso é parte da verdade, mas a prática sustentável vai além da proteção ambiental. Ser sustentável — na vida pessoal ou nas empresas — significa considerar simultaneamente a natureza, as pessoas e a economia. Em diversas situações, só é possível proteger o meio ambiente quando as comunidades próximas têm suas necessidades básicas atendidas. Nesse sentido, a sustentabilidade social é crucial para valorizar a floresta em pé e consolidar uma economia realmente sustentável.

Quais os princípios da sustentabilidade?

Dentre os muitos conceitos apresentados, o mais reconhecido é o de desenvolvimento sustentável, divulgado em 1987 no relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, da Comissão Mundial da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Segundo o documento, o desenvolvimento sustentável é aquele que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades”. A partir disso, consolidaram-se os três pilares do conceito: o ambiental, voltado à preservação dos recursos naturais; o econômico, que busca crescimento com uso responsável do capital; e o social, que promove bem-estar e inclusão.  

Em 2004, a sigla ESG (sigla para as palavras Environmental, Social e Governance, em inglês) surgiu no relatório Who Cares Wins, do Pacto Global da ONU. Proposto por Kofi Annan, então secretário-geral da ONU, o relatório incentivou investidores a adotar critérios ambientais, sociais e de governança em suas decisões. Desde então, o ESG se tornou referência para avaliar práticas corporativas sustentáveis, ganhando destaque entre empresas, reguladores e investidores.

O que é sustentabilidade social?

Embora tecnicamente o termo “sustentabilidade social” não seja tão utilizado pelos especialistas, este conceito busca trazer à tona o papel das pessoas sobre a sustentabilidade. Mais do que proteger o meio ambiente, a sustentabilidade envolve aspectos sociais, como garantir os direitos humanos, o acesso à saúde, à educação, à alimentação e ao trabalho digno. Sem essas condições mínimas, o bem-estar individual e a capacidade coletiva de enfrentar desafios ambientais e econômicos ficam comprometidos.

“Não podemos esquecer que dentro do ambiente tem o ser humano e o ser humano está dentro do meio ambiente”, diz Marcus Nakagawa, doutor em sustentabilidade pela Universidade de São Paulo e professor de ESG, entre outros temas, na ESPM.

Qual a importância da sustentabilidade social?

O desenvolvimento social influencia diretamente a economia e a segurança das populações. O relatório World Economic Situation and Prospects 2025, da ONU, alerta que a crescente insegurança econômica, as desigualdades e a erosão da confiança social exigem “um novo consenso de políticas baseado em equidade, segurança econômica para todos e solidariedade”. Esses princípios sustentam o tecido social e criam bases para o bem-estar comunitário e a geração de impacto social.

O Banco Mundial, por meio do Human Capital Index, mostra que investimentos em saúde e educação aumentam a produtividade da força de trabalho. “São as pessoas que cuidarão do planeta. É essa ideia da multiplicação”, diz Marcus. Um estudo sobre a atuação do Banco Mundial na América Latina e no Caribe reforça esse vínculo: investir em saúde, educação e proteção social reduz a pobreza, estimula o consumo interno e eleva a produtividade. Dessa forma, o desenvolvimento social deixa de ser apenas uma boa prática e passa a ser uma estratégia para fortalecer a resiliência econômica.

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Benefícios da sustentabilidade social

A adoção de práticas voltadas à inclusão e ao bem-estar comunitário traz ganhos diretos para empresas, comunidades e governos. Segundo o Pacto Global da ONU, essas práticas fortalecem a confiança entre stakeholders, reduzem riscos operacionais e aumentam a inovação. O Banco Mundial destaca que investimentos sociais sustentam a coesão social e favorecem o crescimento econômico, com impactos positivos sobre produtividade e redução da pobreza.

Promover a diversidade, prática importante no ambiente corporativo, também mostra resultados concretos: um estudo da consultoria McKinsey aponta que empresas com maior diversidade étnica e de gênero têm desempenho financeiro até 36% superior. Para Marcus, a sustentabilidade social no Brasil deve integrar a gestão empresarial, especialmente nas áreas de saúde, segurança do trabalho, saúde mental e educação financeira. “Ela é fundamental para a manutenção do negócio, para diminuir o turnover e efetivar os direitos humanos na prática”, explica.

Como promover a sustentabilidade social?

A sustentabilidade social depende da articulação entre diversos setores, por isso, deve ser desenvolvida em rede, envolvendo diferentes stakeholders, como governo, empresas e comunidades locais.  

Governos e empresas têm papéis distintos na promoção da sustentabilidade social e é importante diferenciar a garantia de direitos básicos, como saneamento básico, saúde e educação - responsabilidades do Estado – de outras ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, como oferta de bolsas de estudo ou incentivo à projetos sociais.  

No setor privado, diversas empresas vêm implementando projetos de qualificação profissional, empreendedorismo e inclusão produtiva em seus territórios de atuação. Essas ações complementam as políticas públicas e ajudam a ampliar as oportunidades de desenvolvimento, reforçando a ideia de que a sustentabilidade social se constrói a partir da articulação entre comunidades, governos e empresas.

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Exemplos práticos de sustentabilidade social

Diversos países e empresas têm adotado práticas reconhecidas em sustentabilidade social, com foco na redução da desigualdade, na geração de impacto social positivo e na promoção do bem-estar comunitário. A Noruega, por exemplo, mantém um sistema consolidado de bem-estar social, baseado em educação gratuita, saúde pública universal e redistribuição de renda, frequentemente citado como referência pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).  

Na América Latina, a Costa Rica direcionou recursos públicos para áreas sociais após a extinção das Forças Armadas, alcançando bons indicadores de saúde, educação e qualidade de vida com baixo impacto ambiental.  

Como exemplo do setor privado, a Suzano, produtora de celulose e papel, promove ações estruturadas de desenvolvimento social. Com atuação em mais de 200 municípios brasileiros nos quais 3,3 milhões de pessoas estão em situação de pobreza, a companhia atua em parcerias com outras empresas, organizações da sociedade civil, associações, cooperativas e poder público, entre outros, para impulsionar o desenvolvimento social das regiões em que está presente. Entre os exemplos de ações estão iniciativas relacionadas ao impulsionamento do extrativismo sustentável, empreendedorismo e acesso ao emprego. Além disso, a Suzano se comprometeu a contribuir para a retirada de 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030. Entre 2020 e 2024, foram retiradas 97 mil pessoas.

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Quais são os desafios da sustentabilidade social no Brasil?

O Brasil enfrenta desafios estruturais, como desigualdade de renda, informalidade, acesso precário a serviços públicos e insegurança alimentar. Grupos historicamente marginalizados, como populações negras, indígenas, comunidades rurais e periféricas, encontram barreiras adicionais à melhoria da qualidade de vida. A concentração de renda, a precariedade habitacional e a violência também limitam a eficácia das políticas sociais.  

Ainda, a sustentabilidade social no Brasil enfrenta dificuldades ligadas à forma como as políticas públicas são planejadas e mantidas. Muitos programas acabam interrompidos quando há troca de governo ou corte de recursos, o que dificulta a continuidade das ações e os resultados de longo prazo. Também é comum que iniciativas voltadas para áreas como saúde, educação, meio ambiente e geração de renda funcionem de forma isolada, sem diálogo entre si ou entre diferentes esferas de governo. Para avançar, é importante garantir recursos estáveis, fortalecer a atuação dos municípios e incentivar a participação da sociedade na construção de soluções.

Conclusão

A sustentabilidade social é um dos pilares centrais do desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, a efetivação dessa prática passa pela garantia de direitos básicos, pela inclusão de grupos historicamente excluídos e pela geração de oportunidades. Em países como o Brasil, com profundas desigualdades, os desafios são grandes e exigem políticas públicas consistentes, articulação entre setores e soluções adaptadas às realidades locais. Mais do que um objetivo, a sustentabilidade social representa um caminho coletivo para um desenvolvimento mais justo e equilibrado.

ILUSTRAÇÃO:
Lais Zanocco

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