COP30: tudo o que você precisa saber sobre a conferência do clima

Maior e mais importante evento de discussões climáticas do mundo, a COP acontece no Brasil em 2025. Confira todas as informações sobre a conferência

COP30: tudo o que você precisa saber sobre a conferência do clima

Maior e mais importante evento de discussões climáticas do mundo, a COP acontece no Brasil em 2025. Confira todas as informações sobre a conferência

Publicado por
Equipe Suzano
October 13, 2025
5
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A COP, Conferência das Partes, é o maior e mais importante encontro sobre clima realizado no mundo. Realizado pela Organização das Nações Unidas, a ONU, o evento chega à 30ª edição em 2025 e acontecerá no Brasil, na cidade de Belém, no Pará. A seguir, confira tudo o que você precisa saber sobre a COP.

O que é a cop?

Desde 1995, lideranças globais se reúnem anualmente para discutir e negociar os rumos e o progresso dos países e da sociedade no enfrentamento da crise climática na Conferência das Partes, conhecida como COP. O evento é realizado sob a alçada da Organização das Nações Unidas (ONU) e, em 2025, chegará à 30ª edição, que será realizada no Brasil, em Belém (PA).

Os encontros são organizados pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a UNFCCC, na sigla em inglês, o braço da ONU responsável por discutir o aquecimento global. Nessas conferências, os participantes discutem planos de ação para enfrentar a mudança do clima.

Como surgiu a COP?

A COP tem sua origem alguns anos antes da primeira convenção oficial. Tudo começou no Rio de Janeiro, em 1992, durante a Rio-92, evento da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Naquele ano, delegações de 175 países iniciaram as discussões de planos para combater os impactos dos gases de efeito estufa e para tornar a economia global mais sustentável.

Na Rio-92, estabeleceu-se a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, um tratado internacional para a cooperação climática, que se tornou a base das COPs ao instituir a limitação dos aumentos médios da temperatura global. A partir daí, a conferência climática se materializou e chegou à primeira edição em 1995.

Quais são os principais marcos da COP?

Confira a seguir os momentos mais importantes dos encontros sobre clima e as decisões que afetam o setor florestal.

1997 - COP3 - Kyoto, Japão

O marco da reunião foi o nascimento do Protocolo de Kyoto, primeiro acordo global com metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa voltado aos países desenvolvidos. Foram necessários oito anos para que os países envolvidos ratificassem o acordo, que entrou em vigor em 2005, e contou com metas específicas para cada país participante.

2015 - COP21- Paris, França

Marcando os 20 anos da COP, a reunião na capital francesa definiu um marco histórico: o Acordo de Paris. O compromisso estabeleceu a manutenção de manter a temperatura média global abaixo de 2ºC abaixo dos níveis pré-industriais. Os países também concordaram em fazer um esforço para manter a temperatura média global acima de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Pouco antes da conferência, vários países apresentaram as primeiras Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), como são chamadas as metas climáticas.

2021 - COP26 - Glasgow, Reino Unido

Esta edição estabeleceu o Pacto de Glasgow, que consolidou o entendimento de anos anteriores que de que 2ºC de limite não são suficientes e que é necessário alcançar a meta de 1,5ºC de temperatura média global acima dos níveis pré-industriais. Além disso, o encontro aprovou o mercado global de carbono, estabelecendo regras para a comercialização de créditos de carbono.

2022 - COP27 - Sharm el-Sheikh, Egito

A reunião no Egito trouxe à tona discussões sobre a necessidade de apoiar países vulneráveis aos impactos climáticos, que sofrem com desastres naturais. Para isso, foi criado um fundo de perdas e danos com enfoque em ampliar a justiça climática. Além disso, surgiram os primeiros debates sobre como projetos de florestas plantadas podem gerar créditos de

carbono.

2023 - COP28 - Dubai, Emirados Árabes

O encontro de Dubai fez o primeiro balanço global do Acordo de Paris e deixou claro que o que está sendo feito atualmente ainda não é suficiente para cumprir as metas climáticas estabelecidas. Outro ponto relevante é que os países começaram a fechar acordos bilaterais de cooperação no mercado de carbono.

2024 - COP29 - Baku, Azerbaijão

A COP29 avançou nas discussões sobre o financiamento climático e estabeleceu que países desenvolvidos devem liderar o aporte de pelo menos 300 bilhões de dólares até 2035 para que países em desenvolvimento possam implementar ações de redução de emissão de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. Para o setor florestal, o avanço foi a aprovação de regras gerais para remoções de carbono por meio das florestas plantadas.

Quem participa da COP?

A COP tem como principal objetivo reunir os signatários da UNFCCC, conhecidos como "Partes", que basicamente são os 196 países que aderiram à Convenção; as Partes são representadas por líderes de estado e outros representantes governamentais, formando as delegações dos países. Essas pessoas advogam sobre as pautas climáticas, estão presentes nas agendas de negociação e têm poder de voto sobre as decisões da COP. Esses grupos circulam na Blue Zone.

Além das delegações formais, há os observadores. Essas pessoas podem assistir às negociações – condição que confere mais transparência ao processo como um todo–, mas não têm direito a voto. Integrantes de ONGs, de grupos comunitários, acadêmicos, representantes setoriais e lideranças indígenas são alguns dos perfis que podem participar como observadores.

Para ser um observador da COP, é preciso passar pelo processo de admissão organizado pela UNFCCC – não é possível “comprar ingressos” para a COP. Esses grupos também circulam na Blue Zone.

O número de credenciais concedidas a Estados e instituições observadoras é determinado pela UNFCCC, de acordo com a capacidade da cidade-sede. Por exemplo, em Glasgow, na COP 26, em 2021, a oferta de credenciais foi muito restrita; já na COP 28, em Dubai, houve recorde de público presente.

Como a COP é organizada?

As COPs atraem milhares de pessoas todos os anos, mas os participantes não necessariamente circulam nos mesmos locais. A conferência se divide em espaços específicos para os diversos grupos que comparecem ao evento. Os principais são:

Blue Zone (Zona Azul)

local em que ocorrem as negociações oficiais dos Estados participantes. A área é organizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e só permite a entrada com credenciais fornecidas por delegações oficiais (equipe técnica dos países e designados pelos governos), chefes de Estado e instituições observadoras (ONGs, universidades, associações setoriais, por exemplo) e jornalistas credenciados. A Blue Zone conta com diversas salas de negociação, plenárias para eventos, painéis e pequenos escritórios para os países. Além disso, há pavilhões para países e outros stakeholders, como, por exemplo, o Consórcio da Amazônia Legal, Standards Pavilion e pavilhão de ONGs, como WWF, entre outros. Na Blue Zone, a UNFCCC determina uma agenda oficial com as pautas de negociação, eventos especiais e painéis, e esta agenda é constantemente atualizada no site da instituição, inclusive durante as semanas da COP, uma vez que muitas agendas são dinâmicas e discussões surgem espontaneamente. Como agenda institucional, a COP conta com dias temáticos para foco em assuntos específicos. Representantes do setor privado e da sociedade civil acessam a Blue Zone com credenciais cedidas pelas instituições observadoras ou pelos Estados. O Instituto Ecofuturo, por exemplo, é credenciado como instituição observadora com acesso à Blue Zone, e a comitiva Suzano, historicamente, acessa o local por meio de credenciais concedidas pelo Ecofuturo, pelo Governo Federal e por associações setoriais.

Green Zone (Zona Verde)

Espaço aberto para o público, acessível a todos. Nele, sociedade civil, instituições públicas, líderes globais, empresas privadas e demais organizações podem dialogar, participar de eventos e conhecer pavilhões temáticos. A área tem o objetivo de ampliar o debate, dar acesso a informações e repercutir as discussões da Blue Zone. Parte dos eventos e reuniões que a Suzano participa ocorrem na Green Zone.

Os pavilhões existentes na Blue e na Green Zone contam com suas agendas específicas

Eventos paralelos (Side Events)

Programação que ocorre de maneira paralela durante os dias de COP, fora dos espaços oficiais, como palestras, debates e jantares. A Suzano também atua neste espaço.

O que é discutido na COP?

De forma geral, o grande tema da COP é o estado do aquecimento global, os impactos da mudança do clima no planeta e quais medidas precisam e estão sendo tomadas para enfrentar a crise climática. Também se avalia se os compromissos e acordos estão sendo cumpridos, como o caso do Acordo de Paris e a ambição global de triplicar a capacidade de energias renováveis.

Pela complexidade das discussões, que envolvem interesses diversos de quase 200 países, cada conferência tende a ter um foco ou prioridades específicas nas negociações. Paralelamente, porém, diversas agendas são tratadas simultaneamente, como: redução de emissões, adaptação climática, financiamento climático, tecnologias limpas, preservação e conservação ambiental, biodiversidade, segurança hídrica e justiça climática, entre outras.

Há muitas metas, compromissos e ações que precisam ser implementadas de maneira efetiva para alcançar os resultados esperados. Dada a diversidade de temas e agendas, a presidência da COP organizou todas as demandas em 30 objetivos- chave (saiba mais aqui).

Como é a participação do setor privado na COP?

As empresas costumam participar dos eventos tanto na Blue Zone (com credenciais) quanto na Green Zone, ou nos eventos paralelos, e mostrar os avanços em seus processos produtivos e em suas práticas de sustentabilidade, além de buscar diálogo com diferentes grupos, defender causas setoriais, influenciar pautas importantes para o setor e para a negociação, e consolidar sua reputação. As companhias podem fazer reuniões bilaterais, apresentar relatórios e propostas para estimular o debate sobre os impactos da mudança do clima em diferentes setores da sociedade.

Como a COP cobre diferentes temáticas – como adaptação climática, transição justa e mercado de carbono, por exemplo – cada empresa mantém o enfoque nas pautas mais relevantes para seu negócio ou setor, junto a associações, e tem oportunidade de dialogar com representantes de diferentes segmentos, o que traz dinamismo à agenda.

SB COP: o setor privado brasileiro ganhando protagonismo na COP30

Inspirado na atuação do B20, fórum oficial de diálogo empresarial com os líderes do G20, foi criada a iniciativa SB COP (Sustainable Business COP), que congrega lideranças do setor empresarial do Brasil e de outras regiões do mundo. Idealizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a SB COP tem o objetivo de fortalecer a voz das empresas nas negociações climáticas internacionais, especialmente durante a COP30, criando um canal permanente para apresentar recomendações, projetos e soluções concretas rumo à descarbonização e à economia de baixo carbono.

Por meio da SB COP, companhias brasileiras têm a oportunidade de influenciar debates, compartilhar boas práticas, colaborar para que políticas públicas e compromissos internacionais sejam mais ambiciosos e realistas, e posicionar o setor privado como parceiro estratégico dos governos e demais atores na busca por soluções práticas para os desafios climáticos.

Além do setor de papel e celulose, setores como energia, química, agronegócio e finanças também estão representados na SB COP, ampliando o impacto e a diversidade das soluções propostas pelo setor privado brasileiro.

Como será organizada a COP30, em Belém?

Marcada para os dias 10 a 21 de novembro de 2025, a conferência acontecerá no Brasil, em Belém, capital do Pará. A expectativa é que 60 mil pessoas participem do evento, das quais 7 mil devem ser de equipes da ONU e das delegações dos países signatários.

Neste ano, excepcionalmente, o encontro high-level, restrito a líderes de Estado, ocorrerá dias antes do início oficial da COP, por questões de segurança e de logística.

Os pavilhões da Blue Zone e da Green Zone serão no Parque da Cidade, em Belém, e irão abrigar hubs e pavilhões temáticos dedicados a discussões como financiamento climático, inovação, biodiversidade e tecnologia limpa.

Algumas instituições estarão em Belém, em imóveis espalhados na cidade, com agendas paralelas, como, por exemplo, Cubo Itaú, TED, Casa Brasil, CASE, espaço Agrizone da Embrapa, com diversos eventos. Ou seja, ao longo das duas semanas da COP, haverá eventos acontecendo por toda a cidade.

Paralelamente à COP, a UNFCC realiza outros encontros e reuniões intermediárias, como reuniões de órgãos subsidiários técnicos e científicos, e semanas regionais de clima. Os eventos relacionados à agenda de Clima não ficam restritos à COP e a Belém. Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo já abrigam eventos e agendas diversas com a pauta.

Quais são as expectativas para a COP30?

Para a agenda oficial, todos os anos antes da conferência principal, é realizada uma reunião preparatória em Bonn, na Alemanha, que funciona como um termômetro para a COP. Nesse encontro, as delegações se dedicam às negociações técnicas, buscando adiantar o máximo possível das discussões para alcançar um resultado satisfatório durante a conferência.

Na edição deste ano, o trabalho feito em Bonn foi considerado positivo diante da agenda de prioridades da organização da COP30. Entre os temas prioritários da presidência brasileira, estão:

  • Fortalecer a governança multinível, garantindo que o multilateralismo e o diálogo levem a avanços concretos e consensos
  • Definir indicadores para a meta global de adaptação climática; Avançar no programa de transição justa
  • Dar continuidade aos desdobramentos do Global Stocktake, realizado em 2023 — um balanço geral do Acordo de Paris
  • Ampliar as discussões sobre financiamento climático, com o objetivo de aumentar os recursos disponíveis — incluindo a ambição de mobilizar US$ 1,3 trilhão para descarbonização e US$ 300 bilhões até 2035, de países desenvolvidos para países em desenvolvimento

A temática ligada a créditos de carbono e remoções até o momento não estão na pauta para ser discutido este ano.

Também há expectativa de que esta seja uma COP mais inclusiva, com maior participação de populações tradicionais e organizações da sociedade civil. Após três edições realizadas em países com regimes autoritários, espera-se que o volume de protestos e manifestações em espaços públicos seja significativamente maior.

Além disso, o Brasil tem uma oportunidade única de mostrar ao mundo não apenas a importância da Amazônia, mas também que o país e a América Latina oferecem soluções reais e escaláveis, especialmente ligadas à bioeconomia, que podem contribuir para as próximas fases do combate à crise climática.

Conclusão

As decisões tomadas nas salas de negociação reverberam na sociedade como um todo e podem afetar assuntos como uso de combustíveis fósseis, investimento em energias renováveis e impactar desde o preço de produtos até a criação de novas leis.

As discussões também podem influenciar o comportamento do consumidor, que passa a cobrar mais dos governantes e das empresas, exigindo que os produtos estejam comprometidos com alguma ação ambiental e climática.

ILUSTRAÇÃO:
Studio Shoyu

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