
Em 2025, o evento mundial mais importante sobre clima completa 30 anos. Trata-se da COP, a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que vai acontecer no Brasil, em novembro, na cidade de Belém, no Pará.
O que é a COP e quem participa?
Principal encontro internacional sobre mudanças climáticas, a COP é o momento em que líderes mundiais, representantes de empresas privadas, cientistas, ativistas e organizações internacionais e não governamentais se encontram para discutir planos de ação focados no combate à emergência climática. O evento é organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a UNFCCC na sigla em inglês, braço da ONU para discutir o aquecimento global.
Além de tratar sobre planos de ação, a COP é o momento em que acordos globais voltados ao enfrentamento da crise climática são feitos. Ao longo de sua história, o encontro foi fundamental por firmar decisões importantes que influenciaram desde políticas governamentais até os modos de produção de companhias de todo o mundo.
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A origem da COP
O COP tem sua origem alguns anos antes da primeira convenção oficial. Tudo começou no Rio de Janeiro, em 1992, durante a Rio-92, também conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, evento da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Naquele ano, delegações de 175 países iniciaram as discussões de planos para combater os impactos dos gases de efeito estufa e para tornar a economia global mais sustentável, usando os recursos de maneira mais racional e conservando a biodiversidade.
Foi na Rio-92 que se estabeleceu a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, um tratado internacional para a cooperação climática, que se tornou a base das COPs por instituir a limitação dos aumentos médios da temperatura global. A partir daí, a conferência climática se materializou e, três anos depois, chegou à primeira edição.
Momentos mais importantes das COPs
1995: COP1 – Berlim, Alemanha
A primeira COP foi importante por reconhecer que os compromissos climáticos estabelecidos até então eram insuficientes. Foi estabelecido o Mandato de Berlim, o pontapé inicial para o desenvolvimento de um protocolo climático mais ousado.
1997: COP3 – Kyoto, Japão
O marco da reunião foi o nascimento do Protocolo de Kyoto, primeiro acordo global com metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa voltado aos países desenvolvidos. Foram necessários oito anos para que os países envolvidos ratificassem o acordo, que entrou em vigor em 2005, e contou com metas específicas para cada país participante.
2000: COP6 – Haia, Holanda
Cientistas e ambientalistas esperavam que, na COP6, governos concordassem com uma série de recomendações técnicas para a aplicação do Protocolo de Kyoto. No entanto, as negociações entraram em um impasse devido, principalmente, a discordâncias entre Europa e Estados Unidos sobre a mensuração dos gases de efeito estufa e as sanções aplicadas a quem descumprisse as metas. O encontro foi encerrado sem acordo.
2005: COP11 – Montreal, Canadá
O encontro marcou a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto e o entendimento de que era necessário ter metas de longo prazo após o término do Protocolo, o que ficou conhecido como Acordo de Montreal. O encontro foi importante devido ao início de discussões mais ambiciosas sobre a redução das emissões de carbono, além de trazer à tona o debate sobre os impactos climáticos do desmatamento e do uso da terra.
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2015: COP21 – Paris, França
Marcando os 20 anos da COP, a reunião na capital francesa definiu um marco histórico: o Acordo de Paris. O compromisso, aprovado pelos 195 membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), estabeleceu a manutenção de manter a temperatura média global abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais. Os países também concordaram em fazer um esforço para manter a temperatura média global acima de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Importante salientar que, pouco antes da conferência, vários países participantes apresentaram as primeiras Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), como são chamadas as metas climáticas de cada país.
2021: COP26 – Glasgow, Reino Unido
A COP de Glasgow consolidou o entendimento de anos anteriores que de que 2ºC de limite não são suficientes e que é necessário alcançar a meta de 1,5ºC de temperatura média global acima dos níveis pré-industriais. Além disso, o encontro aprovou o mercado global de carbono, estabelecendo regras para a comercialização de créditos de carbono.
2022: COP27 - Sharm el-Sheikh, Egito
A reunião no Egito trouxe à tona discussões sobre a necessidade de apoiar países vulneráveis aos impactos climáticos, que sofrem com desastres naturais. Para isso, foi criado um fundo de perdas e danos com enfoque em ampliar a justiça climática.
2023: COP28 Dubai – Emirados Árabes
Oito anos após o estabelecimento do Acordo de Paris, o encontro de Dubai fez o primeiro balanço global do compromisso e deixou claro que o que está sendo feito atualmente ainda não é suficiente para cumprir as metas climáticas estabelecidas.
2024: COP29 – Baku, Azerbaijão
A COP29 avançou nas discussões sobre o financiamento climático e estabeleceu que países desenvolvidos devem liderar o aporte de pelo menos 300 bilhões de dólares até 2035 para que países em desenvolvimento possam implementar ações de redução de emissão de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
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Conclusão
Com uma história que completa 30 anos em 2025, a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima se mostra fundamental para pautar discussões sobre o combate à emergência climática e para firmar acordos globais que influenciam tomadas de decisão não apenas nos governos, mas também na iniciativa privada. Sem o evento, acordos que são fundamentais para os cuidados com o futuro do planeta não teriam sido firmados.